
O setor de Agropecuária foi responsável por 4.710 novos empregos com carteira assinada – Foto por: Marcos Vergueiro/Secom-MT
Mato Grosso, um dos maiores produtores de alimentos do Brasil e do mundo, está enfrentando uma significativa falta de mão de obra qualificada em suas produções rurais. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), essa escassez afeta desde o campo até a indústria.
Carlos Cabral, gerente de operações, ressalta que a melhor solução para enfrentar esse desafio é treinar profissionais para ocupar essas posições qualificadas. “A gente pensa em, obviamente, aumentar o quadro do funcionário, porque é uma demanda nossa, e nada melhor do que ter uma pessoa qualificada e ter sido treinada e capacitada dentro da fábrica. Então eu não preciso pegar uma pessoa com vícios de outro lugar para tirar esses vícios e capacitá-las ao modo de trabalho”, explica Cabral.
A pesquisa revelou que 70% dos produtores enfrentam dificuldades na contratação de colaboradores. Rodrigo Silva, coordenador do IMEA, destacou que muitas vezes a mão de obra qualificada precisa ser trazida de outros estados.
“A gente perguntou, desse profissional que você contratou, ele é de Mato Grosso ou você teve que importar, trazer de outros estados? A gente viu que mais de 30% relatou que precisou contratar pessoas de outros estados. Então a gente vê uma migração para atender toda essa demanda de empregos aqui em Mato Grosso”, comenta Silva.
O estudo apontou que 392 produtores rurais de 94 municípios do estado, dos quais 50% atuam na agricultura, 35% na pecuária e os demais em ambas as atividades. Silva também destacou que 58% dos entrevistados relataram dificuldades na qualificação desses profissionais e 25% mencionaram dificuldades na permanência desses trabalhadores no campo.
“É um setor bem difícil, bem complexo. O primeiro profissional que eles sentem falta é operador de máquinas, e o segundo é vaqueiro. Na casa de 20% das pessoas relataram que vaqueiro é uma profissão que eles querem e têm dificuldade de ar”, adiciona Silva.
Carlos Cabral pontuou que essa escassez também gera oportunidades de emprego e promove a efetivação de menores aprendizes dentro das empresas. “A gente começa a capacitar esses menores aqui na fábrica e nós também temos um programa junto ao Senai, onde a gente pega mão de obra qualificada, a empresa paga o treinamento e esses jovens aprendizes, de 18 a 23 anos, trabalham meio período na fábrica e estudam no Senai no outro período. Precisam ter boas notas e, no final, podem ser efetivados”, explica Cabral.
Um exemplo de sucesso desse programa é Alexandre, que está há oito meses no programa de aprendizagem e espera ser efetivado. “Eu acredito que é isso, porque está precisando bastante, principalmente de mão de obra qualificada, então tenho uma grande oportunidade”, conclui Alexandre.
A pesquisa do IMEA destaca a necessidade de investimentos em treinamento e capacitação para suprir a demanda crescente por mão de obra qualificada no estado, garantindo a continuidade do crescimento e da excelência do agronegócio mato-grossense.